A tolerância da esquerda é algo que nunca deixa de me surpreender, lá fora tivemos essa coisa maravilhosa para as classes que foi a União Soviética, vamos tendo a Cuba Libre e ainda temos a nacionalizada Venezuela (da Coreia não falo porque ninguém consegue saber o que se passa por lá).
Por cá, como já não podem incendiar as sedes do PSD e do CDS, vão tentando apagar a história…
Recebi hoje um e-mail de um tal de António Vilhena que me convidava a assinar uma petição contra um museu que querem construir em Santa Comba Dão, apenas assinei o e-mail de resposta que dizia “Que coisa mais ridícula!”. Mais tarde o Luís desafiou-me a colocar este tema a debate no meu blog, só aceitei porque ele consegue escrever mais num comentário do que eu numa semana inteira.
Apesar de alfacinha tenho família próxima em Santa Comba Dão e estes assuntos sempre foram tema de discussão com maior ou menor animosidade.
O museu que a autarquia quer construir no Vimieiro, nos arredores da cidade de Santa Comba Dão (e muito bem na minha modesta opinião também como eclético de esquerda que na minha ignorância me gosto de imaginar).
Parece-me evidente que tira partido precisamente dessas animosidades ligadas à terra onde o ditador nasceu utilizando-as para atrair turismo como nicho de puro e simples marketing. Lembro-me daquela indiscutível ilacção ética “não é possível haver bom marketing ao serviço de maus produtos ou de más ideias” (Luís Barbosa, Prefácio do “Mercator”).
Mas a ideia em causa aqui é o museu, não o fascismo ou a pessoa do ditador português. E um museu é mais do que um edifício, é um percurso, uma interpretação da história que evidentemente também nunca é genuinamente isenta.
E se tal fosse, como eu gostaria, alvo de um concurso de ideias e acabasse projectado por um arquitecto que até poderia ser, ao olhos da terra, do lugar, um non-believer de esquerda?
Luís Bigotte
Luís,
Apetece-me dizer que estes tipos são estúpidos que nem portas, mas tenho muito respeito pelas portas.
Talvez fosse importante alguém lhes perguntar de devíamos de acabar com outros museus que se reportam a outras eras de totalitarismo. Ou talvez chegue explicar-lhes que a melhor forma de evitar que a história se repita é ensiná-la.
Quanto à hipótese do arquitecto ser de esquerda, parece-me interessante, até porque não estou a ver os fanáticos a participar.