Também em 1975 o verão durou até Novembro, com tanto calor que ficou na história como “Verão Quente”. E porque razão esta data nunca é devidamente assinalada? E onde estão os hipócritas dos cravos? Será a história dificil de contar ou de engolir?
Felizmente não nos tornámos na Cuba da Europa.
O 31 da Armada está de parabéns não só pelo seu primeiro aniversário como pela excelente entrevista à comunista que virou vice-presidente dum partido de direita.
A base activa do 25 de Abril a que chamas aqui, em grande medida, “os hipócritas dos cravos” é no sentido lato a frente responsável pelo facto de se contar essa parte da história do pós-guerra moderno português, sem cortes nem hipocrisias.
Acabava-se a história ditada, gravada em prol de um bem “melhor para uns tantos” como cereja sobre uma encantada ignorância profunda. A ignorância que permitiria, como a rolha solta de um espumante agitado regado por clichés fundamentalistas, que ideais se confundissem com o mais claro oportunismo.
É verdade que a história é sempre pessoal, que quem a conta nunca é absolutamente isento mas, “vira-casacas” e protagonismos à parte, não se estará a misturar história pessoal com história contada??
Mas sem dúvida nenhuma viva o 25 de Novembro! Viva a consolidação efectiva de Portugal como democracia nos moldes ocidentais europeus! Vivam os que viram não só o seu próprio umbigo e bolso como muito para além dos kafkianos modelos autocráticos de inspiração soviética talhados ao infortúnio pela própria esquizofrenia de base.
Os “hipócritas” dos cravos são tão “hipócritas” como muitos outros que os antecederam, e muitos outros que os sucedem. Se houvesse verdade para além da narrativa que sempre constitui uma história, seria essa.
Claro que é impossivel dissociar a nossa história da nossa perspectiva. Seja essa perspectiva a que fôr.
Como sabes, o meu lado canhoto tem uns transvios estranhos, e nesse sentido, também eu aplaudo o 25 de Novembro. A diferença é somente a de que também aplaudo o 25 de Abril. Tudo na coerência do que deu origem a ambos os dias. Por vezes, mais forte que a própria história, é a coerência que a precede e sustenta. Nesse sentido, congratulo-me de não ser uma “hipócrita” do 25 de Abril. E ainda bem …