Um aluno no Ensino Superior Público custa mais de 4300 Euros por ano ao Estado Português, durante um ano inteiro eu não pago mais de 3500 Euros numa Universidade Privada, certamente que o Estado tem capacidade de negociação que chegue para atingir um valor muito mais baixo.
Se considerarmos que existem 250,000 alunos no Ensino Superior Público, e que o Estado conseguiria poupar 1,000 Euros por aluno, estamos a falar de uma poupança de 250 milhões de Euros por ano! Uma parte deste dinheiro poderia ser investida em mecanismos de fiscalização, que iriam garantir que a qualidade do ensino era plenamente assegurada.
Está mais do que visto que a gestão no Ensino Superior Público é má, muito muito má em alguns casos e razoável em algumas excepções. Já no Ensino Privado há exemplos de boa gestão, também os há de má gestão, mas aí o Mercado iria tratar de separar o trigo do joio, a “boa da má moeda”.
Propões portanto uma gestão correcta para as instituições de ensino superior públicas? Plenamente de acordo.
Mas acabar com o público em favor do omnipotente Mercado? Todos sabemos que o Mercado funciona tão bem (ou tão mal) como a Democracia… Não é uma panaceia para todos os males e a coisa pública tem sempre razão de existir, desde que bem gerida.
É no segundo ponto que discordamos completamente, eu não acho que tenham razões de existir Universidades (ou Institutos Superiores, ou até mesmo Escolas de graus inferiores) Públicas. O Estado tem de garantir o acesso à educação e que esta é de qualidade, não tem de saber nem dar aulas.
Ora portanto … se é uma questão de fazer contas, era conveniente englobarmos aqui os 1000 € que gasto anualmente no Ensino Superior Público… Que são uma boa chatice e convenhamos que efectivamente, tanto os meus mil como os teus três mil e qualquer coisa são demasiados. O acesso à educação ou à formação não deveria custar tanto. Infelizmente, há demasiada boa cabeça por aí que não acede à Universidade ou ao Politécnico porque é um investimento pouco suportável a curto e médio prazo. Além de que, infelizmente, as bolsas não são tão equitativamente concedidas como deveriam ser.
Portanto, acho que sim senhor, se deveria efectivamente estabelecer uma fiscalização da qualidade do Ensino Superior, privado e público, mas que tal não passe por asfixiar ainda mais quem lá anda… É como dizes, o Estado tem de garantir o acesso à Educação. Nem mais!
Estamos completamente de acordo em como o Estado tem de garantir o acesso à educação, independentemente da raça, credo e estatuto social do Aluno.
Discordamos apenas quanto à forma…
Posto isto, para o Estado garantir o acesso à educação num panorama em que não existem institutos públicos, teria de subsidiar os alunos para permitir que a Ana continuasse a pagar €1000 em vez dos teus €3500… Porque o objectivo das Universidades Privadas (e do Mercado) não é o Saber, mas sim o Lucro. E é altamente improvável que aceitassem alunos a preço de saldo por amor à Pátria…
Ora bem, entre submeter-se às regras do Mercado negociando subvenções, quotas, etc. e gerir as suas próprias instituições, que teoricamente poderiam e deveriam ter objectivos diferentes (como a investigação), eu sou da opinião que a última é preferível.
Desde que, claro, bem gerida.
Vasco,
Podíamos continuar aqui ad eternum, e iamos continuar a bater nas mesmas teclas. Ainda assim alguns esclarecimentos:
– se não houvesse qualidade no ensino essas instituições não iriam ter lucro pois teriam de existir graves penalidades, logo, a qualidaede não seria um fim mas sim um meio;
– nunca falei em preço de saldo, muito menos em amor à Pátria, agora onde há mais concorrência o preço tende a ser mais baixo e quando compras em quantidade ou tens bons descontos ou és muito mau negociador.
Quanto à investigação, esta já é outra matéria e pode dar azo a muita mais discussão fora do âmbito da ideia que aqui apresentei. Posso apenas dizer-te que não concordo que se atire dinheiro para o lixo, há muita investigação paga pelo Estado que é um completo desperdício e que está a roubar recursos a outras investigações, porventura mais interessantes e merecedoras do dinheiro dos meus impostos.
E pensar que há países onde a investigação se paga a ela própria…
OK, concordemos em discordar. Não no conteúdo, mas na forma.
Também gostava de esclarecer apenas que num mundo perfeito ambas as opções funcionariam impecavelmente e sem desperdícios, tornando esta discussão irrelevante. Na prática, difeririam apenas na forma de encarar a intervenção do Estado como garante da Educação dos seus cidadãos. E é neste último aspecto que discordamos. 😉
Um grande abraço.