Acabo de chegar do programa “Prós e Contras” cujo o tema foi “Juventude Inquieta”, podia começar com o tema e com a mania de juntar adjectivos como inquieta, irreverente, inconformada ou ainda mais uns quantos começados por “i”. No entanto prefiro olhar para a escolha dos convidados que supostamente iriam responder às perguntas “Como é ser jovem em Portugal” e “Qual é então o futuro da juventude portuguesa?”.
Começo pelo que, supostamente, Fátima Campo Ferreira queria que fosse o um exemplo para os jovens portugueses, ou que pelo menos deveria ser um representante já que era único jovem que não estava sentado na plateia. O primeiro erro seria querer representar a juventude numa pessoa, é impossível, afinal somos todos diferentes ainda que todos iguais, depois convidar alguém que assume publicamente que não cumpre o dever democrático de votar é, no mínimo, ridículo.
Continuo pela Carla Moura, presidente do Conselho Nacional de Juventude, uma jovem tão jovem que já não tem idade para estar numa juventude partidária… Ôca, ainda assim esteve bem ao afirmar que há muitos jovens que se interessam por causas mais nobres que o seu umbigo, de vez em quando lá fez o favor ao Sócrates e elogiou uma ou outra medida do Governo, deve continuar à espera de coordenar uma comissão inter-ministerial de que se falou há tempos…
José Barata Moura é um exemplo de como dizer algumas coisas interessantes não chega se depois nos tornamos intragáveis, achei piada que tivesse levado claque.
Daniel Sampaio, dos não jovens o que fazia mais sentido ali estar, ainda que também não tenha respondido às “grandes” questões do programa foi o único que contribuiu para o futuro, que fez propostas concretas, talvez por isso tenha sido o único que conseguia manter a sala calada enquanto falava.
Dos relatos dos jovens da plateia achei piada ao primeiro, então não é que a jovem se indigna por ter tirado um curso que toda a gente sabe que tem poucas saídas, e que milhares de jovens estão a tirar, e agora estar sem trabalho… Relações Internacionais e Ciência Política são dois cursos que eu gostava de tirar, mas não ia ficar à espera que me dessem emprego.
Depois tivemos o empreendedor, foi pena que tenha ficado a ideia “Ah, ele conseguiu porque os papás tinham dinheiro”, tal como foi errado a Carla Moura depois vir dizer que não existem apoios ao empreendedorismo jovem, eles existem mas estão mal divulgados. Ainda assim é de louvar o exemplo de alguém que não só cria o seu posto de tabalho como o faz numa área inovadora.
Dos outros exemplos gostei do que falou no voluntariado, nesta matéria parece-me que os jovens portugueses até gostam e querem participar, o problema é que muitos não sabem ea maior dificuldade é convencê-los a começar, lembrei-me várias vezes deste artigo.
Usou-se muito o termo “Geração Recibos Verdes”, fruto da campanha da JSD Lisboa, e houve até um exemplo de como o uso dos Recibos Verdes em Portugal se encontra totalmente desvirtuado, nesta questão eu fico sempre a pensar porque raio há-de um jovem pagar tamanha contribuição para a Segurança Social se depois não tem qualquer tipo de protecção…
Chegou a vez de as juventude políticas darem a sua opinião, uma alteração de última hora, há uma semana não era isto que estava previsto. JS com um discurso populista e demagogo, não é fácil ser-se líder da juventude do partido que está no poder, ainda para mais se gostarmos muito do lugar que temos… JSD mal representada, o Daniel Fangueiro ainda que não estivesse em forma – está doente – nunca seria capaz de muito mais, teve oportunidade para brilhar e acabou por escorregar nas cascas de banana que a Fatinha lhe deu. JP em grande, o único que conseguiu mostrar que há mesmo jovens com ideias e sem discurso gravado em cassetes mais velhas do que eu. JCP, por falar em cassetes… BE, o que é que ela disse mesmo?
De salientar o facto das juventudes partidárias não serem convidadas a falar por o tema ser a liberalização das drogas leves, o aborto ou o casamento de homossexuais. Ainda assim a oportunidade de mostrar que as jotas têm um contributo muito importante para dar foi desperdiçada.
No fim as questões que serviram de mote ao programa continuaram sem resposta e a única coisa positiva foi o reacender do debate em torno da “Geração Recibos Verdes”.
(são quase 3 da manhã e estou sem corrector ortográfico, desculpem lá qualquer coisinha)